Equipe da Superintendência de Parcerias e Inovação da UFPR participa de painéis, workshops e visita técnica à Inova Unicamp, trazendo novos aprendizados para aprimorar as estratégias do NIT da Universidade.
Por Juliana Cristine da Silva
Entre os dias 3 e 6 de novembro, a Superintendência de Parcerias e Inovação (SPIn) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) esteve presente no XVII Encontro Nacional do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC), realizado em Campinas/SP. O evento reuniu gestores e especialistas do ecossistema de inovação de diversas universidades e centros de pesquisa do Brasil. A delegação da UFPR foi composta por Alessandra Benatto, representante da Equipe Gestora da Pré Incubadora e Incubadora; Giselle Costa, responsável pela área de transferência de tecnologia; e Juliana Cristine da Silva, bolsista técnica e coordenadora do setor de comunicação da SPIn. A participação da equipe no FORTEC reforça o compromisso da Universidade com o fortalecimento das práticas de inovação e a transferência de conhecimento tecnológico.
Representantes da SPIn UFPR: Juliana, Alessandra e Giselle reunidas no primeiro dia de evento. Foto: SPIn UFPR.
Empreendedorismo nas ICTs: Inovação além do “Vale da Morte”
No painel realizado no dia 4 de novembro, foram apresentados casos que destacaram a importância de superar o chamado “vale da morte” — o estágio crítico em que tecnologias emergentes enfrentam dificuldades para se transformar em produtos viáveis. A Fiocruz destacou a necessidade de maturação tecnológica antes de empreender, adotando períodos de pré-maturação de seis meses para preparar projetos, garantindo que as tecnologias possuam uma base sólida antes de serem levadas ao mercado. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) também apresentou iniciativas inovadoras, como o programa BlueIn, uma plataforma de inovação aberta, e o Pró-Cana, que desenvolve pacotes tecnológicos para a indústria sucroalcooleira, em parceria com usinas e deep techs. Além disso, o IAC utiliza programas de pós-graduação para fomentar a inovação, implementando modelos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PDI) adaptados a diferentes setores produtivos, fortalecendo a conexão entre academia e mercado.
Experiência Internacional: Lições da Universidade da Costa Rica
No mesmo dia, foi apresentado o Programa Tetris, da Universidade da Costa Rica, que organiza competições de empreendedorismo para desenvolver planos de negócios alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os participantes recebem mentorias e workshops durante três a quatro meses, utilizando uma metodologia 100% online. A iniciativa reforça a importância da capacitação estruturada para integrar inovação e impacto social, criando soluções que atendem tanto às demandas do mercado quanto da sociedade, de maneira sustentável.
Bety Ritter e Silvia Salazar no Painel: Desafios da inovação na América Latina; um olhar das Redes congêneres do FORTEC. Foto: SPIn.
Visita Técnica à Inova Unicamp: Um Modelo de Sucesso em Inovação
No dia 5, os participantes do FORTEC realizaram uma visita técnica à Inova Unicamp, referência nacional em inovação e transferência de tecnologia. Durante a visita, foram apresentados programas e estratégias inovadoras, como:
Desafio Unicamp: Competição que utiliza patentes da universidade como base para o desenvolvimento de modelos de negócios;
Campanhas de Conscientização: Iniciativas como “Proteja sua ideia” e “Comunique sua invenção”, voltadas para incentivar a proteção de propriedade intelectual (PI) e oportunidades de licenciamento;
Gestão de Portfólio: A Inova Unicamp apresentou seu sistema interno em desenvolvimento, denominado “Sagui”, que utiliza inteligência artificial para mapear tecnologias, parcerias e publicações, oferecendo uma visão mais estratégica da transferência de tecnologia;
Mentorias em PI e Transferência de Tecnologia (TT): Oferecidas online para a comunidade acadêmica, com foco em busca de anterioridade e redação de patentes, essenciais para garantir a proteção legal das inovações.
Além disso, a Inova Unicamp apresentou seu modelo de Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) misto, com funcionários contratados por meio de fundações, o que proporciona maior flexibilidade e previsibilidade no planejamento estratégico e nas atividades de transferência de tecnologia.
Visita técnica à Inova Unicamp. Foto: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp.
Políticas Públicas e Programas de Incentivo à Inovação
O dia 5 também foi marcado por debates sobre ações e marcos regulatórios que fortalecem o ecossistema de inovação no Brasil. Entre os principais tópicos, destacaram-se:
Lei do Bem (11.196/2005): Benefício fiscal para empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento;
Programas do MCTI: Como a plataforma Inovalink, que conecta empreendedores, e o Programa Centelha, voltado para estimular startups;
Estratégia Nacional de Propriedade Intelectual (ENPI): Focada em consolidar a propriedade intelectual como ferramenta estratégica de inovação, impulsionando a competitividade e o desenvolvimento tecnológico do país.
Cooperação ICT – Empresa: Oportunidades de Inovação
No dia 6 de novembro, o evento trouxe o Programa Mais Inovação Brasil, com ênfase nas chamadas públicas da FINEP, que oferecem subvenções para incentivar a inovação nas ICTs e empresas. Essa abordagem oferece uma excelente oportunidade para fortalecer as parcerias entre universidades e empresas, incentivando o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias.
Governança e Padronização dos NITs
O dia 6 também foi marcado por discussões sobre a governança e a padronização dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs). O Toolkit do Marco Legal foi um dos principais destaques, sendo apresentado como uma ferramenta para facilitar a gestão e o funcionamento dos NITs. O Observatório do Contrato Público de Solução Inovadora (CPSI) também foi discutido, com seu catálogo sobre os editais baseados no marco de startups. Além disso, foram debatidos os modelos de NIT, como o modelo misto da Inova Unicamp, com funcionários contratados por fundações, que oferece maior previsibilidade no planejamento estratégico. A possibilidade de ajustes na política de inovação institucional para permitir que fundações sejam responsáveis pela gestão administrativa do NIT foi igualmente abordada.
Procurador Saulo Queiroz discursando, Rafael Fassio, Renato Lopes, Silvia Uchoa, Tânia Mara no Painel: Governança e Profissionalização dos NIT.
Fortalecimento do Networking e Parcerias Estratégicas
O FORTEC também foi uma excelente oportunidade para fortalecer a rede de networking com gestores de NITs de universidades e centros de pesquisa de todo o Brasil. A interação com essas instituições proporcionou o intercâmbio de ideias, experiências e desafios comuns enfrentados no campo da gestão de inovação e transferência de tecnologia. Este networking estratégico foi fundamental para consolidar a SPIn UFPR como um elo de inovação e colaboração, além de abrir portas para futuras parcerias interinstitucionais que trarão benefícios tanto para a Universidade quanto para a sociedade.
Próximos Passos: O Impacto da Participação no FORTEC para o NIT da UFPR
Com os aprendizados adquiridos durante o evento, a equipe da SPIn UFPR está pronta para implementar novas metodologias que irão otimizar a gestão da inovação e aprimorar a transferência de tecnologia no Núcleo de Inovação Tecnológica da UFPR. A experiência no FORTEC contribui diretamente para o aprimoramento das estratégias de parcerias acadêmico-industriais, visando criar soluções inovadoras que atendam às necessidades da sociedade e do mercado.
Além disso, a participação no evento reafirma o compromisso da UFPR com o avanço da inovação e da pesquisa no Brasil, com a expectativa de expandir a atuação do NIT e consolidar a Universidade como um referente de excelência no fomento à inovação tecnológica e empresarial. O impacto gerado no evento será sentido não apenas dentro da Universidade, mas também em todo o ecossistema de inovação do Paraná e do Brasil.