O momento da prescrição de exercício físico como coadjuvante no tratamento da periodontite – Estudo clínico e em animais

A periodontite é uma doença crônica não transmissível (DCNT), multifatorial e associada a um biofilme disbiótico, cuja abordagem com “common risk factors approach” poderia ainda diminuir os riscos para o desenvolvimento de outras DCNTs. Considerando-se a inatividade física como um risco potencial reconhecido pela Organização Mundial da Saúde, o objetivo geral deste projeto é determinar o melhor momento para prescrição de exercício físico como coadjuvante ao tratamento periodontal não cirúrgico. Está sendo realizado um ensaio clínico randomizado envolvendo 40 participantes com periodontite que recebem prescrição de exercícios físicos de maneira precoce (antes do tratamento periodontal não cirúrgico – TPNC) ou tardia (na sessão de reavaliação, após TPNC). São coletados parâmetros clínicos (índice de placa, sangramento à sondagem, profundidade de sondagem, nível clínico de inserção), amostras microbiológicas do biofilme subgengival e amostras do fluido crevicular gengival em baseline, após 45 e 90 dias. As amostras microbiológicas serão avaliadas por hibridização DNA-DNA e o fluido será avaliado para expressão de IL-1ß, IL-6 e IL-10 por Multiplex. Para se controlar o experimento e verificar a relação causal sem influência comportamental, complementaremos nossos achados com um estudo em animais. Oitenta ratos Wistar machos com 2-3 meses foram aleatoriamente divididos nos grupos controle, ligadura, reparo, exercício precoce ou exercício tardio. As ligaduras realizadas nos primeiros molares inferiores foram removidas após 14 dias para o modelo de reparo. Os períodos de avaliação foram após 28 e 56 dias do baseline. O protocolo de exercício foi por sessões de natação de 30 min 5x/semana. A eutanásia ocorreu por sobredose anestésica e foram coletados sangue por punção, e amostras da hemimandíbula para análise radiográfica, histológica (histomorfomética e estereométrica), macroscópica e do tecido gengival. Serão avaliados perda óssea radiográfica, infiltrado inflamatório e expressão de IL-1ß, IL-6 e IL-10. Até o momento, foram incluídos dezessete pacientes no estudo clínico. Apenas o exercício, sem instrumentação subgengival, reduziu significativamente a perda de inserção e a porcentagem de sítios com sangramento à sondagem e placa. No estudo em animais, a etapa de biotério está prevista para ser encerrada no mês de junho de 2022. Com base nos resultados obtidos até o momento, conclui-se que a recomendação de exercício físico é um adjunto promissor no tratamento periodontal, independentemente do momento de sua prescrição. No entanto, sua prescrição em momento inicial do tratamento odontológico pode trazer vantagens como diminuição do número de sessões e de sítios para instrumentação.